Nota do PCB-Itumbiara sobre o conflito Agrário em Minas Gerais
Desgraçadamente, a “Justiça” autorizou a expulsão de centenas de assentados de suas casas em Minas Gerais. Depois de viverem por 11 anos debaixo da lona preta, os assentados em Campo do Meio, foram despejados de forma truculenta, vendo todo seu trabalho ser destruído impiedosamente pela Polícia Militar, que até metralhadoras (contra camponeses desarmados!) usaram na operação.
O barraco que acolhia 23 jovens e adultos do curso de alfabetização, em convênio com o PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - também não foi poupado. Ali funcionava também a Ciranda Infantil. A destruição não poupou sequer as árvores nativas replantadas pelos trabalhadores no latifúndio.
A irracionalidade da medida pode ser confirmada na destruição de lavouras de arroz, feijão, mandioca, milho, laranja, abacate e hortaliças. Estima-se que seriam colhidas 1.600 sacas de feijão (laudo da EMATER) 4 toneladas de melancia, 4 mil pés de Mandioca e uma grande plantação de milho, todos já no ciclo de colheitas. A truculência não ficou restrita às plantações. Passaram o trator com arado em cima de chiqueiro, triturando porcos vivos - inclusive uma porca prenha - mataram cachorros a tiros e abandonaram outros animais soltos na imensa área.
O arsenal de guerra (ou melhor, do possível massacre) previa helicóptero, cachorros, cavalaria, três UTIs móveis, caminhão do corpo de bombeiro, ônibus de policiais, atirador de elite e dezenas de policiais de operações especiais da Tropa de Choque. Para evitar outro massacre como o de Felizburgo, 123 famílias de Sem Terra desistem de enfrentar a truculência da PM. Saem escoltados pelo helicóptero da PM com policiais apontando metralhadoras para eles... A justiça não determinou o local que deveria recebê-los, mesmo estando os trabalhadores há mais de 11 anos na posse da terra.
Em nota, a Comissão Pastoral da Terra prontamente se manifestou nos seguintes termos:
“Todas as pessoas de boa vontade, que primam pela justiça, exigem que o Presidente Lula assine sem mais tardar o Decreto de Desapropriação por interesse social da Fazenda Ariadnópolis, em Campo do Meio, Minas Gerais, nos termos da Lei 4132/62 (Processo número 54170005006/0644). Somente com a desapropriação das terras da ex-Usina a paz, como fruto de justiça, se estabelecerá na região.Exigimos do Governo de Minas Gerais, Aécio Neves, a indenização das lavouras destruídas sob a proteção da Polícia Militar.
Exigimos do Ministério Público de Minas Gerais a punição do Cel. Guimarães e de todos os excessos cometidos pelos policiais, que agiram com truculência e covardia contra os indefesos Sem Terra. Exigimos principalmente a apuração dos crimes praticados pelo prefeito de Campo do Meio, Vilson Rodrigues Pereira, PSDB, que usou o poder municipal contra o interesse dos munícipes, inclusive impedindo as crianças de ir à Escola para ceder os ônibus escolares para a desocupação da área.”
O PCB em Itumbiara-Goiás denuncia os crimes contra a humanidade praticados nos acampamentos de Minas Gerais com a participação (seja pela ação, seja pela omissão) dos governos municipal de Campo do Meio, do estado de Minas Gerais e federal.
Prestamos nossa solidariedade aos companheiros sem-terra que viviam nos acampamentos destruídos e, apesar de saber o quanto isso será difícil, pedimos que continuem na luta com um sorriso no rosto e uma foice nas mãos. Esses monstros do Capital querem quebrar o espírito guerreiro de vocês, destruir os sonho que já semeiam há mais de onze anos. As proféticas palavras de Guevara, no entanto, são um alento de luta e esperança: “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.”
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