Um bebê prematuro, dado como morto, por pouco não foi encaminhado ao necrotério do Hospital Modesto de Carvalho, em Itumbiara (GO), no sábado (8). O pai da menina, Andriel Pontes de Oliveira, contou ao G1 que ele mesmo percebeu que a filha estava viva quando foi ver o corpo e notou que ela fazia força para respirar e mexia os braços.

“Eu disse para a enfermeira que minha filha estava respirando, então ela pegou a criança e levou para o médico. Colocaram minha filha na estufa e ela tinha batimentos cardíacos. Foi muita irresponsabilidade dos médicos. O que fizeram com a gente, não se faz com ninguém”, afirmou Oliveira, ainda perplexo com o que aconteceu.


Oliveira explicou que sua mulher, Larissa Garcia dos Santos, foi internada na terça-feira (4) por causa de complicações na gravidez. A criança nasceu no sábado, após cerca de cinco meses de gestação.


Segundo Oliveira, a equipe médica que teria constatado a morte da menina não mostrou o bebê para a mãe, apenas informou que a criança estava morta. “Minha esposa ficou desesperada quando não quiseram entregar a menina. Minha filha foi tirada da sala de parto ainda viva e ficou mais de uma hora sozinha, sem nenhum atendimento, lutando para viver”, disse.


Segundo Oliveira, depois que a equipe médica foi chamada e percebeu que a criança estava viva, a menina recebeu os primeiros atendimentos e foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil, em Goiânia. Segundo o hospital, ela permanece internada e seu estado é grave, mas estável.

Negligência

O advogado Leandro Martins Pereira, que representa a família, explicou que aguarda a evolução do estado de saúde do bebê para definir que ação será tomada contra o hospital. “É sem dúvida um caso de negligência, mas a situação pode se agravar caso a menina não sobreviva”, disse.


Segundo o advogado, já foi solicitado ao hospital o prontuário médico da mãe e os documentos relacionados à criança, inclusive o atestado de óbito que teria sido assinado pelo médico. “O casal saiu do hospital sem nenhum documento, não entregaram nada que possa comprovar o que aconteceu. A direção diz que não foi feito o atestado, mas o médico confirmou para os pais da criança que fez o documento”, afirmou o advogado.

Investigação

O diretor clínico do Hospital Modesto de Carvalho, Ernani Oliveira Rodrigues, disse que, após o parto, o médico não percebeu sinais vitais na criança. O bebê teria recebido atendimento ainda no centro cirúrgico, mas não teria respondido.



Segundo Rodrigues, o médico teria constatado o óbito, mas não chegou a preencher o atestado.


Ainda de acordo com o diretor clínico, a menina teria sido encaminhada para a sala onde receberia cuidados da equipe de enfermagem e, posteriormente, seria levada ao necrotério. Ao contrário do que informa o pai da criança, Rodrigues ressalta que uma funcionária – não o pai – percebeu que a criança estava se mexendo e acionou a equipe médica.


“Comunicamos a Comissão de Ética Médica do Conselho Regional de Medicina (CRM) e instauramos uma sindicância interna que vai avaliar se houve desvio de conduta do médico. Vamos investigar o que aconteceu”, disse Rodrigues.



O diretor clínico afirmou que ainda não conversou com o médico e enfermeiros que atenderam a mãe e o bebê. Eles devem fazer uma reunião nesta terça-feira (11).